segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Fé e Política

A Doutrina Social da Igreja

O cristão que se sentir vocacionado para atuar no campo da política, deve assumir sua missão quando de fato estiver preparado, não para ser eleito simplesmente, mas para exercer o poder com o espírito de serviço. E nesta preparação, conhecer a Doutrina Social da Igreja com certa profundidade é de fundamental necessidade para o cristão que quer ingressar no mundo da política.
Segundo Puebla, 472/473, a Doutrina Social da Igreja (DSI) “é um conjunto de orientações doutrinais e critérios de ação, os quais têm sua fonte na Sagrada Escritura, na doutrina dos Santos Padres e dos grandes teólogos da Igreja, especialmente Santo Tomas de Aquino, e no Magistério, especialmente dos Papas a partir de fins do século XIX. A DSI tem, pois, um caráter dinâmico e em sua elaboração e aplicação, os leigos hão se ser não passivos executores, mas ativos colaboradores dos pastores, a quem levam sua experiência cristã, sua competência profissional e científica”.
O principal objetivo da DSI é a dignidade da pessoa humana, imagem de Deus, e a tutela de seus direitos inalienáveis.
A finalidade da DSI é a realização da justiça, é promover a libertação total e integral do homem, em sua dimensão terrena e transcendente, contribuindo para a construção do Reino de Deus, sem confundir o progresso terreno com o crescimento da Reino de Jesus Cristo. A partir dos documentos que compõem a DSI, conclui-se que ela é constituída pêlos valores evangélicos, a partir da análise da realidade, mediante o desenvolvimento de ação que vise o resgate da dignidade da pessoa humana. A Igreja sempre influenciou na vida social da humanidade, porém, só a partir do Papa Leão XIII ela apresentou um Ensino Social de forma sistemática, enfocando a problemática social ocasionada pela revolução industrial do século 19.
Os principais documentos que compõem a DSI são: RERUM NOVARUM (1891), QUADRAGÉSIMO ANNO (1931), LA SOLENNITÁ (1941), MATER ET MAGISTRA (1961), PACEM IN TERRIS (1963), GAUDIUM ET SPES (1965), POPULORUM PROGRESSIO (1967), OCTAGESIMA ADVENIES (1971), JUSTIÇA NO MUNDO (1971), LABOREM EXERCENS (1981), LIBERTATIS CONSCIENTIA (1986), SOLLICITUDO REI SOCIALIS (1988), CENTESIMUS ANNUS (1991).
Além destes, Pio XII ofereceu notáveis ensinamentos sobre os direitos humanos e a ordem jurídica internacional, através de suas rádio-mensagens; o CELAM, em suas Conferências Gerais de Medellin (1968) e Puebla (1979), também publicou vários documentos de análise social; e a Pontifícia Comissão Justiça e Paz, deu à luz em 1986 e 1987, dois documentos de alcance social, um sobre a ética da dívida internacional e outro sobre a crise da habitação.

A Doutrina Social da Igreja é a aplicação da Palavra de Deus à vida.


Perguntas e respostas retiradas da Introdução do Compêndio da Doutrina Social da Igreja (os trechos entre aspas são transcrições diretas de alguns trechos)
1-Qual o fundamento da Doutrina Social da Igreja?
A Fé em uma salvação integral, “que abrange o homem todo, e todos os homens”, através da filiação divina, conquistada por Jesus Cristo, Nosso Senhor, que se realiza na “vida nova que espera os justos após a morte” e também nas realidades temporais em que vivemos, visto que é nestas realidades que o cristão deve viver o novo mandamento do amor (Jo 15, 12), deixado por Cristo. Ela é, então, expressão do amor GRATUITO de Deus pelo mundo.
2-Para que serve a Doutrina Social?
Para “oferecer um contributo de verdade à questão do lugar do homem na natureza e na sociedade” e contribuir na resposta às perguntas fundamentais “que caracterizam o percurso do viver humano (GS, 10)[1]: Quem sou eu? Por que a presença da dor, do mal, da morte, mesmo com todo o progresso? O que haverá após esta vida?”“(...) a religiosidade representa a expressão mais elevada da pessoa humana, porque é o ápice da sua natureza racional”, fruto de uma “profunda aspiração à verdade.”
3-A Doutrina Social só interessa aos católicos?
Não. Sua Doutrina Social “diz respeito ao homem todo e se volve a TODOS OS HOMENS”, é dirigida “aos homens e às mulheres do nosso tempo”, impulsionando “a todos”, aos “homens e mulheres de BOA VONTADE” para que EM CONJUNTO assumam suas responsabilidades, para que todo o progresso humano “seja voltado ao verdadeiro bem da HUMANIDADE de hoje e de amanhã.” Devemos unir forças para favorecer “a justiça, a fraternidade, a paz e o crescimento da pessoa humana”, já que estes são desejos humanos universais.
4-Ela é um conjunto de regras extáticas?
Não. Ela fornece “os princípios de reflexão, os critérios de julgamento, e as diretrizes de ação” para a promoção do humanismo integral e solidário que se propõe a construir. Pretende ser luz, para capacitar-nos a “interpretar a realidade de hoje”, e procurar “os caminhos APROPRIADOS para a ação (...) à luz das palavras imutáveis do Evangelho.”“O ensino e a difusão da doutrina social fazem parte da missão evangelizadora da Igreja.”[2]Devemos recordar que a Igreja é conduzida por Cristo, o “Grande pastor”(Hb 13, 20), portanto deposita toda sua fé e esperança n´Ele, “ÚNICO Salvador e fim da história.” Ainda, “nenhuma ambição terrena move a Igreja; ela tem em vista UM SÓ FIM: continuar, sob o impulso do Espírito Santo, a obra do próprio Cristo que veio ao mundo para dar testemunho da verdade, para salvar e não para condenar, para servir e não para ser servido (GS, 3)[3].”

Nenhum comentário:

Compaixão e Serviço